“A culpa, meu caro Bruto, não é das estrelas,
mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores”
- Júlio César, de Shakespeare.
No caso da história contada por John Green, escritor norte-americano e “famosinho da internet”, a culpa, sim, é das estrelas.
“Na verdade, elas têm muita culpa, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa”, explicou o autor no site do livro. Em A culpa é das estrelas, a personagem principal e também narradora Hazel Grace tem câncer com metástase nos pulmões, mas graças a um milagre da medicina conseguiu ter sua vida estendida em alguns anos. Hazel é quase que obrigada por sua mãe a deixar as maratonas de America’s Next Top Model de lado e frequentar um grupo de apoio a jovens com câncer. É lá que ela conhece Augustus Waters, um garoto que há um ano e meio havia se livrado de um câncer que lhe custou uma perna. Ele seria o futuro grande e único amor de sua vida.
Podemos dizer que John Green conseguiu transformar um tema pesado como o câncer numa história doce, sensível, inteligente e bem-humorada. A evolução dos personagens de crianças para jovens adultos é visível ao longo da narrativa e Green toma certos cuidados para conseguir equilibrar os lados racional e emocional de Hazel e Gus:
Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros… Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.…
Um dos pontos mais interessantes do livro é a maneira como Hazel e Augustus expressam o amor um pelo outro. É comum ouvirmos casais dizendo “Eu vou amar você sempre”, “Nosso amor nunca vai acabar” ou então “Sempre estarei ao seu lado”. Assim, eles juram um amor que será eterno. Mas Hazel e Gus são diferentes: eles são mais cuidadosos no modo como veem a si mesmos, acham que o “para sempre” é uma expressão forte e injusta, não apenas porque têm consciência de suas condições, mas porque sabem que em algum momento todos nós vamos morrer ou então nos apaixonar por outras pessoas. Nada na vida tem regra, nem é eterno, por isso a expressão que escolheram para representar o amor que sentiam foi outra:
- O.k. – ele disse, depois do que pareceu ser uma eternidade. – Talvez o.k. venha a ser o nosso sempre.- O.k. – falei.E foi o Augustus quem desligou…”
Para sempre é infinito, e é preciso coragem para fazer declarações que representam tal grandeza.


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